Karam Kriya School e Quinta do Rajo Lda.
www.karamkriya.com www.quinta-do-rajo.pt
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De Satya Kaur e Shiv Charan Singh
COM O CORAÇÃO PERTURBADO – ESTA DOLOROSA OPORTUNIDADE – UM MOMENTO DE ORAÇÃO
Karam Kriya é a Ciência Espiritual da transformação de padrões cármicos, da tragédia para o triunfo.
A nossa abordagem ao ensino e ao aconselhamento é orientada por este princípio.
Nota: utilizamos o termo “alegações” porque é o termo utilizado no relatório de AOB.
AOB = An Olive Branch; YB = Yogi Bhajan; KY = Kundalini Yoga; KRI = Kundalini Research Institute; 3HO = healthy, happy, holy organization.
2020 tem sido um ano de mudanças reais e importantes no mundo. O que tomávamos por garantido está a ser totalmente contestado. As mudanças deste ano afetaram a maioria das áreas da vida, incluindo o que mantinha a nossa comunidade unida. Referimo-nos ao relatório, de An Olive Branch, das acusações referentes a YB, que, embora polémico, serve para consciencializarmo-nos do que estava desactualizado e já não é sustentável. Colectivamente, encontramo-nos num momento de profunda introspecção; ficamos em casa – na nossa casa e no nosso ser interior.
Não desejando acrescentar ao ruído dos comentários reacionários que inundam os meios de comunicação social, no entanto, como diretores e fundadores da Escola Internacional de Karam Kriya e do Guru Ram Dass Ashram, temos o dever de reavaliar e clarificar a nossa compreensão e posição.
Reconhecemos, aceitamos e estamos gratos por este relatório de terceiros e pelas alegações. O relatório reflecte a experiência de algumas pessoas e alguns aspectos da cultura em torno do círculo interno dos estudantes e funcionários de YB. Não reflecte necessariamente toda a cultura da 3HO e da comunidade do KY global nos anos 70, 80, e 90; tal como nós a experienciámos. Apesar do choque, dor, sensação de traição e confusão que o relatório provocou na comunidade, motiva-nos a aprofundar a nossa própria prática e contribuição profissional para a partilha do Kundalini Yoga.
Embora não conheçamos os seus nomes ou rostos, respeitamos e honramos a coragem dessas mulheres que se apresentaram, e falaram após um longo período de silêncio, e compreendemo-las com compaixão. Aceitamos e confiamos que elas partilharam a sua verdade pessoal actual e a memória da sua experiência. A partilha destas histórias reforça o nosso compromisso permanente de trabalhar para a mudança.
Desejamos que essas mulheres transformem o sentido de vitimização e se elevem acima da vingança, para encontrar o caminho para a cura. Que aproveitem a oportunidade para transmitir as lições aprendidas através da sua experiência e assim inspirem outras mulheres e crianças para o seu próprio empoderamento.
A dor do abuso é uma dor que cada um de nós conhece das nossas próprias vidas. Deixemos esta dor repousar dentro de nós como um bloco de edificação de carácter e integridade.
Não nos é possível responsabilizar o YB. Ele não está aqui para falar por si próprio, para dar expressão à sua interpretação dos acontecimentos. Portanto, não estamos em posição de defender, acusar, julgar ou perdoar. Não podemos compreender a intenção do YB por detrás do seu alegado comportamento. Ficamos com uma lacuna e com o desafio de manter todas as possibilidades no interior do nosso coração – o cálice da oração.
YB pode não ter sido consciente e ético em todo o seu comportamento, na forma como geriu o seu espaço privado, ou as instituições que ele criou. Reconhecemos a possibilidade (probabilidade) de YB ter tido relações sexuais com alguns dos seus estudantes/assistentes. Independentemente da medida em que isto tenha ocorrido e dado o Código de Normas Profissionais que o próprio YB estabeleceu, nós consideramos isto uma violação do contrato sagrado entre professor e aluno. O relatório refere-se a uma pequena parte pessoal e privada da vida de YB, quando comparado com a vastidão de ensinamentos que ele partilhou, com a comunidade que reuniu, e com os benefícios que o mundo desfruta como resultado disso.
Compreendemos e concordamos com a necessidade de reposicionar o YB, por exemplo, assegurando que ele seja removido de qualquer pedestal e divinização.
Há muitas referências na Biblioteca de Ensinamentos confirmando que o YB nunca se viu como um Guru e que os estudantes deveriam relacionar-se com os ensinamentos em vez de se relacionarem com ele próprio.
Eu vim para fazer professores, não para angariar discípulos.
Não confies em mim – adora os ensinamentos.
Chegou a hora das mulheres se levantarem.
O nosso foco é a auto-iniciação e a realização pessoal.
Os ensinamentos de YB têm-nos servido e continuam a servir-nos de muitas maneiras. Estamos gratos e em dívida para com a sua incrível dedicação. Valorizamos e apreciamos os ensinamentos que ele nos transmitiu. Vamos continuar a praticar e partilhar a sua síntese única de KY. Continuamos abertos a abraçar novas investigações que lancem maior luz sobre a história do KY, sobre a ciência da Humanologia, bem como a possível relação e distinção entre o KY e a Sikh Dharma.
YB deslocava-se à Europa, para ensinar, durante a maior parte dos anos em que o conhecemos, ou seja, de 1980 a 1998. A nossa experiência directa de YB foi da sua compaixão, auto-sacrifício, e inteligência aplicada. Não testemunhámos nada que pudesse sugerir abuso. O que testemunhámos, sim, foi uma falta de transparência num círculo interno, constituído na sua maioria por mulheres, que tinha um controle forte do espaço ao redor de YB; mantendo um poder centralizado, exclusividade e sigilo. Não tínhamos possibilidade, poder ou capacidade, de desafiar o que ali se estabelecia, nem havia qualquer porta aberta para que isso acontecesse.Talvez sem essa dinâmica, nada se teria estabelecido. Dada a ausência de receptividade do mundo comercial, religioso e político da época, à emergência de um poderoso movimento de sensibilização e tecnologia transformadora o desafio era considerável para todos. A sensação de desilusão e traição que desmantela a projecção do professor espiritual é uma ponto de viragem inevitável trazendo-nos a um eu solitário, singular, interior, verdadeiro. Estamos gratos por termos seguido a directiva do YB e nos termos concentrado mais nos ensinamentos do que no homem.
Observámos muitas estudantes ansiosas pelos ensinamentos, ocupadas com as suas próprias necessidades e desejos e influenciadas pelos desequilíbrios e feridas que tentavam sarar e resolver. Esses fatores podem ter levado a projecções que ultrapassavam os seus próprios princípios éticos e a sua própria sensatez.
Apesar de tudo o que testemunhamos e partilhamos desejamos ser claros de que não toleramos, de forma alguma, tal comportamento como foi relatado, e consideramos o dever de cada professor permanecer neutro sob todas as circunstâncias.
Acolhemos a oportunidade de estarmos conscientes da nossa própria sombra e de aperfeiçoarmos as nossas vias e estruturas. Isto faz parte da transição para um mundo verdadeiramente aquariano e humanitário. Empenhamo-nos e trabalhamos no sentido de construir um lugar mais seguro e saudável para futuras mulheres, homens e crianças de todas as raças, de todas as religiões, de todas as idades, de todas as orientações sexuais, e o próprio planeta como um todo. Apreciamos e apoiamos os esforços do KRI e da 3HO na verdadeira escuta, no convite à cura, na procura de reconciliação, na reavaliação dos sistemas em vigor, assim como na toma de todas as medidas possíveis para assegurar que os professores do futuro abraçem a diversidade e mantenham os mais elevados padrões éticos.
Por conseguinte, vemos a necessidade de nos concentrarmos também na mudança de atitudes e na cultura das nossas comunidades. Todos precisamos de mudar como indivíduos, mas com um sentido de comunidade e responsabilidade partilhada.
Complementarmente à viagem interior de auto-realização do ensino do yoga, e à luz das lições que estão a ser aprendidas, comprometemo-nos a:
Dar prioridade ao próprio ritmo e caminho de crescimento do indivíduo sobre a interpretação fundamentalista e dogmática dos ensinamentos dhármicos.
Respeitamos e apoiamos plenamente a escolha do estudante de identificação, ou não identificação com o aspecto de Sikh Dharma nos ensinamentos.
Reconhecendo que o futuro deve ser conduzido pela consciência intuitiva feminina, que abraça o sentido da comunidade humana.
Abordar o comportamento e a comunicação inadequados no seu contexto.
Referir casos ao EPS (Comité de Ética e Normas Profissionais); https://epsweb.org
Evitar, resistir e negar a idolatria de qualquer indivíduo.
Desafiar a consciência mafiosa e, ao mesmo tempo, estar disponível para ser desafiada.
Este documento foi escrito por Satya Kaur e Shiv Charan Singh.
Não expressa necessariamente a posição de cada professor ou formador dentro da Escola e comunidade de Karam Kriya.
Por favor, leia esta resposta como um todo e não tome nenhuma parte dela fora de contexto.
Aqui está um link para a nossa resposta às Perguntas Mais Frequentes (FAQs) em relação ao futuro de KY, tal como ensinado por YB: